André Weil

André Weil
André Weil
Nascimento André Abraham Weil
6 de maio de 1906
Paris
Morte 6 de agosto de 1998 (92 anos)
Princeton
Sepultamento Cemitério de Princeton
Nacionalidade francês
Cidadania França
Etnia judeus
Filho(a)(s) Sylvie Weil
Irmão(ã)(s) Simone Weil
Alma mater Escola Normal Superior de Paris
Ocupação matemático, historiador da matemática, professor universitário
Prêmios Prêmio Wolf de Matemática (1979), Prêmio Leroy P. Steele (1980), Prêmio Kyoto (1994)
Empregador(a) Universidade de Chicago, Universidade de São Paulo, Universidade muçulmana de Aligarh, Universidade de Estrasburgo, Haverford College, Universidade Lehigh, Instituto de Estudos Avançados de Princeton
Orientador(a)(es/s) Jacques Hadamard e Charles Émile Picard
Orientado(a)(s) Peter Swinnerton-Dyer, Harley Flanders, William Alvin Howard, Pierre Cartier, Alexandre Augusto Martins Rodrigues
Instituições Universidade de São Paulo, Universidade de Chicago, Instituto de Estudos Avançados de Princeton
Campo(s) matemática
Tese 1928: On Diophantine Equations
Obras destacadas Borel–Weil theorem, De Rham–Weil theorem, Teorema de Mordell-Weil, Oka–Weil theorem, Shafarevich–Weil theorem, Borel–Weil–Bott theorem, Weil conjectures, fórmula de Siegel–Weil, fórmula de Bergman–Weil, Chern–Weil theory, homomorfismo de Chern–Weil, função zeta de Hasse-Weil, álgebra de Weil, grupo de Weil, grupo de Mordell-Weil, grupo de Weil–Châtelet, aplicação de Weil–Brezin, critério de Weil, divisor de Weil, métrica de Weil–Petersson, Weil reciprocity law, restrição de Weil
[edite no Wikidata]

André Weil (Paris, 6 de maio de 1906Princeton, 6 de agosto de 1998) foi um matemático francês.[1]

Reconhecido pela sua obra seminal em teoria dos números e geometria algébrica, foi membro-fundador e de facto o líder mais velho do Grupo Bourbaki. É irmão da filósofa e mística Simone Weil.

Vida

Nascido em Paris, de pais alsacianos, que haviam fugido da Alsácia-Lorena quando ela foi anexada pela Alemanha, estudou em Paris, Roma e Göttingen, obtendo o título de doutorado em 1928. Passou dois anos lecionando na Universidade Muçulmana Aligarh (Índia), a partir de 1930. Nutriu perene interesse pela literatura sânscrita. Passou um ano em Marselha, e depois seis anos em Strasburgo.

Weil estava na Finlândia quando a Segunda Guerra Mundial estourou; ele tinha estado viajando pela Escandinávia desde Abril de 1939. Sua mulher Eveline voltou para a França, mas não ele. Uma anedota famosa é confirmada em sua autobiografia: depois de ter sido preso sob suspeita de espionagem na Finlândia, quando a URSS atacou, em 30 de Novembro de 1939, ele escapou de levar um tiro somente pela intervenção de Rolf Nevanlinna. Ele voltou para a França via Suécia e Reino Unido, e foi detido em Le Havre em Janeiro de 1940. A acusação é de que ele não tinha se apresentado para o serviço militar, e foi então encarcerado em Le Havre e depois em Rouen. Foi lá, na prisão militar em Bonne-Nouvelle, distrito de Rouen, de Fevereiro a Maio, que ele construiu o trabalho que fez sua reputação. Ele foi mandado para julgamento em 3 de Maio de 1940. Sentenciado a cinco anos de cadeia, foi-lhe facultado optar em ir para uma unidade militar, e ele então juntou-se a um regimento em Cherbourg. Depois da queda da França, ele reuniu-se à sua família em Marselha, onde chegou por mar. Ele seguiu para Clermont-Ferrand, onde conseguiu encontrar Eveline, que havia estado na região sob ocupação alemã. Em Janeiro de 1941, eles saíram de Marselha por mar e seguiram para Nova Iorque.

Durante a guerra, Weil permaneceu nos Estados Unidos, onde recebeu apoio da Fundação Rockefeller e da Fundação Guggenheim. Ele também lecionou na Universidade de São Paulo por dois anos, de 1945 a 1947, onde passou um bom tempo com Oscar Zariski.[2] Ele lecionou na Universidade de Chicago de 1947 a 1958 antes de estabelecer-se no Instituto de Estudos Avançados de Princeton, Nova Jérsei.

Trabalhos

Ele fez contribuições substanciais em muitas áreas, sendo a mais importante sendo as profundas conexões entre a geometria algébrica e a teoria dos números. Isto começou em seu trabalho de doutorado, levando ao Teorema de Mordell-Weil (1928, e rapidamente aplicado no Teorema de Siegel). O Teorema de Mordell-Weil teve uma prova ad hoc; Weil começou a separação do argumento da descendente infinita em dois tipos de abordagem estrutural, por meio da função altura para dimensionar pontos racionais, e por meio da Cohomologia de Galois, que não seriam assim nomeadas por mais duas décadas. Ambos os aspectos desenvolveram-se firmemente em teorias substanciais.

Entre suas grandes realizações estão a prova, em 1940, enquanto esteve na prisão, da hipótese Riemann para função zeta local, e o subseqüente estabelecimento de fundações apropriadas para que a geometria algébrica sustentasse o resultado (de 1942 a 1946, com maior intensidade). Pelos padrões modernos, sua asserção de que tinha uma prova foi extremamente fácil, mas as condições da época da guerra foram determinantes, bem como o facto de os peritos alemães pouco terem feito ou comentado sobre o tema. As assim chamadas conjecturas Weil tiveram grande influência por volta de 1950; elas foram provadas posteriormente por Bernard Dwork, Alexander Grothendieck, Michael Artin e Pierre Deligne, que completou a etapa mais difícil em 1973.

Ele apresentou o anel adele em fim dos anos 1930, seguindo a iniciativa de Claude Chevalley com os ideles, e forneceu uma prova do teorema Riemann-Roch utilizando-se deles (uma versão apareceu em sua Teoria Básica dos Números em 1967). Sua 'matriz divisora' (feixe de vetores avant le jour) para o teorema Riemann-Roch de 1938, foi uma antecipação de idéias posteriores tais como os espaços modulares de feixes. A Conjectura Weil sobre os números de Tamagawa provou-se resistente por muitos anos. Eventualmente, a abordagem adélica tornou-se básica na teoria de representação automórfica. Ele descobriu uma outra conjectura Weil que lhe foi creditada por volta de 1970, porém, mais tarde, sob pressão de Serge Lang tornou-se conhecida como teorema de Shimura-Taniyama-Weil baseada na apresentação das idéias básicas na conferência de Nikko em 1955. Sua atitude em relação às conjecturas foi reportada por muitos no campo da matemática como tortuosa; ele escreveu que ninguém deveria tratar uma suposição como uma conjectura sem uma boa razão, e no caso de Shimura-Taniyama, a evidência só surgiu depois de extensivo trabalho computacional.

Outros resultados significativos foram obtidos na dualidade de Pontryagin e geometria diferencial. Ele introduziu o conceito de espaço uniforme na topologia geral. Seu trabalho sobre teoria de feixes mal aparece em suas dissertações publicadas, mas sua correspondência com Henri Cartan em fins dos anos 1940 provou-se de grande influência.

Sua descoberta da assim chamada representação Weil, previamente apresentada na mecânica quântica por Irving Segal e Shale, forneceu uma estrutura apropriada para entender a teoria clássica das formas quadráticas e também foi o início de um substancial desenvolvimento conectando a teoria da representação e funções teta.

Seus livros, algo pouco comum para matemáticos, tiveram uma importante influência em pesquisa. (Em pelo menos um grande caso, esta influência parece ter sido negativa: supostamente, Alexander Grothendieck teria se queixado da "aridez" de Fundamentos da Geometria Algébrica, de Weil. Se não foi intencional, até que é uma boa piada.) Através dos escritos e seminários do Bourbaki, as idéias de Weil também podem ser traçadas na corrente principal dos matemáticos do pós-guerra.

Mais trivialmente, inventou a notação "Ø" para representar o conjunto vazio (q.v.).

André Weil não deve ser confundido com Hermann Weyl, que ajudou Weil a receber um prêmio da Guggenheim Fellowship em 1944; ou com Andrew Wiles, outro matemático famoso que, como Weil, fez trabalhos importantes em curvas elípticas.

Obras

  • Arithmétique et géométrie sur les variétés algébriques (1935)
  • Sur les espaces à structure uniforme et sur la topologie générale (1937)
  • L'intégration dans les groupes topologiques et ses applications (1940)
  • Foundations of Algebraic Geometry (1946)
  • Sur les courbes algébriques et les variétés qui s’en déduisent (1948)
  • Variétés abéliennes et courbes algébriques (1948)
  • Introduction à l'étude des variétés kählériennes (1958)
  • Discontinuous subgroups of classical groups (1958) (notas de uma conferência em Chicago)
  • Basic Number Theory, Grundlehren der mathematischen Wissenschaften (1967)
  • Dirichlet Series and Automorphic Forms, Lezioni Fermiane (1971) Lecture Notes in Mathematics, vol. 189,
  • Essais historiques sur la théorie des nombres (1975)
  • Elliptic Functions According to Eisenstein and Kronecker (1976)
  • Œuvres Scientifiques, Collected Works, três volumes (1979)
  • Number Theory for Beginners (1979) with Maxwell Rosenlicht
  • Adeles and Algebraic Groups (1982)
  • Number Theory: An Approach Through History From Hammurapi to Legendre (1984)
  • Souvenirs d’Apprentissage (1991)

Bibliografia

  • The Apprenticeship of a Mathematician (autobiografia), ISBN 0817626506, tradução inglesa de Souvenirs d'apprentissage (Vita mathematica), ISBN 3764325003.

Referências

  1. André Weil. 6 May 1906 — 6 August 1998
  2. Matemática e Matemáticos na Universidade de São Paulo: Italianos, Brasileiros e Bourbakistas (1934-1958). Lima, Eliene Barbosa, Tese de Doutorado. Universidade Federal da Bahia, 2012, p. 91

Ligações externas


Precedido por
Israel Gelfand e Carl Ludwig Siegel
Prêmio Wolf de Matemática
1979
com Jean Leray
Sucedido por
Henri Cartan e Andrei Kolmogorov
  • v
  • d
  • e

  • Prêmio Wolf de Agronomia
  • Prêmio Wolf de Artes
  • Prêmio Wolf de Física
  • Prêmio Wolf de Medicina
  • Prêmio Wolf de Química
  • v
  • d
  • e
Agraciados até 1978
Contribuição Fundamental à Investigação Científica

1979: Joseph Kohn e Hans Lewy 1980: Gerhard Hochschild 1981: Eberhard Hopf 1982: John Milnor 1983: Stephen Kleene 1984: Lennart Carleson 1985: Robert Steinberg 1986: Rudolf Kalman 1987: Herbert Federer e Wendell Fleming 1988: Gian-Carlo Rota 1989: Alberto Calderón 1990: Bertram Kostant 1991: Eugenio Calabi 1992: James Glimm 1993: George Mostow 1994: Louis de Branges de Bourcia 1995: Edward Nelson 1996: Daniel Stroock e S. R. Srinivasa Varadhan 1997: Mikhael Gromov 1998: Herbert Wilf e Doron Zeilberger 1999: Michael Crandall e John Forbes Nash 2000: Barry Mazur 2001: Leslie Greengard e Vladimir Rokhlin 2002: Mark Goresky e Robert MacPherson 2003: Ronald Jensen e Michael Morley 2004: Lawrence Craig Evans e Nicolai Krylov 2005: Robert Langlands 2006: Clifford Gardner, John Greene, Martin Kruskal e Robert Miura 2007: Karen Uhlenbeck 2008: Endre Szemerédi 2009: Richard Hamilton • 2010: Robert Griess 2011: Ingrid Daubechies 2012: William Thurston 2013: Saharon Shelah 2014: Luis Caffarelli, Robert Kohn e Louis Nirenberg 2015: Rostislav Grigorchuk 2016: Andrew Majda 2017: Leon Simon 2018: Sergey Fomin e Andrei Zelevinsky 2019: Haruzo Hida

Carreira

1979: Salomon Bochner e Antoni Zygmund 1980: André Weil • 1981: Oscar Zariski 1982: Fritz John 1983: Shiing-Shen Chern 1984: Joseph Leo Doob 1985: Hassler Whitney 1986: Saunders Mac Lane 1987: Samuel Eilenberg 1988: Deane Montgomery 1989: Irving Kaplansky 1990: Raoul Bott 1991: Armand Borel 1992: Peter Lax 1993: Eugene Dynkin 1994: Louis Nirenberg 1995: John Tate 1996: Goro Shimura 1997: Ralph Phillips 1998: Nathan Jacobson 1999: Richard Kadison 2000: Isadore Singer 2001: Harry Kesten 2002: Michael Artin e Elias Stein 2003: Ronald Graham e Victor Guillemin 2004: Cathleen Synge Morawetz 2005: Israel Gelfand 2006: Frederick Gehring e Dennis Sullivan 2007: Henry McKean 2008: George Lusztig 2009: Luis Caffarelli 2010: William Fulton 2011: John Milnor 2012: Ivo Babuška 2013: Yakov G. Sinai 2014: Phillip Griffiths 2015: Victor Kac 2016: Barry Simon 2017: James Arthur 2018: Jean Bourgain 2019: Jeff Cheeger

Divulgação da Matemática

1979: Robin Hartshorne 1980: Harold Edwards 1981: Nelson Dunford e Jacob Theodore Schwartz 1982: Tsit Yuen Lam 1983: Paul Halmos 1984: Elias Stein 1985: Michael Spivak 1986: Donald Knuth 1987: Martin Gardner 1988: Sigurdur Helgason 1989: Daniel Gorenstein 1990: Robert Richtmyer 1991: François Treves 1992: Jacques Dixmier 1993: Walter Rudin 1994: Ingrid Daubechies 1995: Jean-Pierre Serre 1996: Bruce Berndt e William Fulton 1997: Anthony Knapp 1998: Joseph Hillel Silverman 1999: Serge Lang 2000: John Conway 2001: Richard Peter Stanley 2002: Yitzhak Katznelson 2003: John Garnett 2004: John Milnor 2005: Branko Grünbaum 2006: Lars Hörmander 2007: David Mumford 2008: Neil Trudinger 2009: Ian Macdonald 2010: David Eisenbud 2011: Henryk Iwaniec 2012: Michael Aschbacher, Richard Lyons, Steven Smith e Ronald Solomon 2013: John Guckenheimer e Philip Holmes 2014: Dmitri Burago, Yuri Burago e Sergei Ivanov • 2015: Robert Lazarsfeld 2016: David Archibald Cox, John Little e Donal O’Shea • 2017: Dusa McDuff e Dietmar Arno Salamon 2018: Martin Aigner e Günter Matthias Ziegler 2019: Philippe Flajolet e Robert Sedgewick

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: André Weil
Controle de autoridade