Cidade Antiga (Jerusalém)

 Nota: Este artigo é sobre a cidade antiga. Para a cidade moderna, veja Jerusalém.
Cidade Antiga de Jerusalém e seus Muros 


Critérios C (ii) (iii) (vi)
Referência 148 en fr es
Coordenadas 31° 47′ N, 35° 13′ L
Histórico de inscrição
Inscrição 1981 (em perigo: 1982)

Nome usado na lista do Património Mundial

A chamada Cidade Antiga ou Cidade Velha de Jerusalém (em hebraico: הָעִיר הָעַתִּיקָה; em árabe: البلدة القديمة, translit. al-Balda al-Qadimah) é uma área amuralhada em forma rectangular com 0,9 km² na cidade moderna de Jerusalém. Na Cidade Velha encontram-se vários sítios de fundamental importância religiosa, como o Monte do Templo e Muro das Lamentações para os judeus, a Basílica do Santo Sepulcro para os cristãos e o Domo da Rocha e a Mesquita de al-Aqsa para os muçulmanos.

A Cidade Antiga e as suas muralhas foram nomeadas pela UNESCO Património Mundial da Humanidade em 1981, por indicação da Jordânia.[1] Devido à história conflitual da cidade e sua soberania indefinida, o país de localização do sítio não está especificado na lista da UNESCO.[2]

População

A população da Cidade Velha reside principalmente nos bairros muçulmanos e cristãos. Em 2007, a população total era de 36.965 habitantes; enquanto as estatísticas de grupos religiosos em 2006 era de 27.500 muçulmanos, 5.681 cristãos e 3.089 judeus.[3][4][5]

Situação política

Comunidade internacional

Ver artigo principal: Posições sobre Jerusalém

Durante a Guerra árabe-israelense de 1948, a Cidade Velha foi capturada pela Jordânia e todos os seus residentes judeus foram expulsos. Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, que incluiu combates diretos no Monte do Templo, as forças israelenses capturaram a Cidade Velha e o distrito de Jerusalém Oriental, anexando-os posteriormente como território israelense e unindo-os com a porção ocidental da cidade. Atualmente, o governo israelense administra toda a área, que considera parte de sua capital nacional. No entanto, a Lei de Jerusalém de 1980 - que efetivamente anexou Jerusalém Oriental a Israel - foi declarada nula e sem efeito pela Resolução 478 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Jerusalém Oriental é atualmente considerada pela comunidade internacional como parte do território palestino ocupado.[6][7]

Nações Unidas

Em 1980, a Jordânia propôs que a Cidade Velha fosse listada como Patrimônio Mundial da UNESCO.[8] Em 1981, o local se tornou um sítio do Patrimônio Mundial de Israel.[9] No ano seguinte, a Jordânia solicitou que o sítio fosse incluído na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo, porém o governo estadunidense foi contrário à tal medida sustentando que o governo israelense deveria ser consultado antes de quaisquer medidas da organização sobre o patrimônio histórico e cultural na Cidade Velha de Jerusalém.[10] Em 2011, a UNESCO emitiu uma declaração reiterando sua visão de que Jerusalém Oriental é "parte do território palestino ocupado, e que o status de Jerusalém deve ser resolvido em negociações permanentes de status."[11]

História

Era israelita

Ver artigo principal: Cidade de Davi

De acordo com a Bíblia hebraica, antes da conquista de Jerusalém pelo rei David no século XI a.C., a cidade era o lar dos jebuseus. Segundo a Bíblia, a cidade era fortemente protegida por uma extensa muralha - fato posteriormente confirmado pela arqueologia - sendo mencionada como Cidade de David (em hebraico: Ir David), que foi identificada a sudeste das muralhas da Cidade Velha, além do Portão de Dung. Na Bíblia, Salomão ampliou as muralhas da cidade para incluir o Templo e o Monte do Templo. Após a cisão do Reino Unido de Israel, as tribos do sul permaneceram em Jerusalém, tornando-a capital do Reino de Judá.

Jerusalém foi amplamente expandida para o oeste após a conquista neo-assíria do Reino de Israel (ao norte) e o resultante afluxo de refugiados. O rei Ezequias estava se preparando para uma invasão assíria fortificando as muralhas da capital, construindo torres e construindo um túnel para trazer água potável à cidade de uma fonte além de seus muros. Pelo menos, duas obras preventivas de seu reinado ajudariam Jerusalém a resistir à conquista: o Túnel de Ezequias e a Muralha Larga. O período do Primeiro Templo se encerrou por volta de 586 a.C., quando o Império Neobabilônico de Nabucodonosor conquistou Judá e Jerusalém, e devastou o Templo de Salomão e a cidade.

Período do Segundo Templo

Em 538 a.C., o rei persa Ciro, o Grande, convidou os judeus da Babilônia a retornarem a Judá para reconstruir seu templo. A construção do Segundo Templo foi concluída em 516 a.C., durante o reinado de Dario I - cerca de sete décadas após a destruição do Primeiro Templo. A cidade foi reconstruída em menor escala por volta de 440 a.C., durante o período persa, quando - segundo a Bíblia - Neemias teria liderado os judeus que retornaram do exílio babilônico. Uma Segunda Muralha foi construída por Herodes cujas extensivas reformas do Monte do Templo renderam-lhe o epíteto de Templo de Herodes. Em torno de 44 d.C., Herodes Agripa deu início à chamada "Terceira Muralha" ao norte do templo. Entretanto, a cidade foi totalmente destruída pelos romanos em 70 d.C..

Era romana tardia, bizantina e muçulmana

Ver artigo principal: Élia Capitolina

A área norte da cidade foi reconstruída pelo imperador Adriano por volta de 130, sob o nome de Élia Capitolina. No período bizantino, Jerusalém se expandiu para o sul e foi novamente cercada por muralhas.

Os muçulmanos ocuparam a Jerusalém bizantina no século VII (637 d.C.) sob liderança do Califa 'Umar Ibn al-Khattab, que a anexou ao Império Árabe-Islâmico. Al-Khattab concedeu a seus habitantes um tratado de garantia. Após o cerco de Jerusalém, Sofrônio recebeu al-Khattab seguindo as profecias bíblicas de "um homem pobre, justo e poderoso" que se levantaria para ser um protetor e aliado dos cristãos de Jerusalém. Nos relatos do Patriarca Eutíquio de Alexandria, al-Khattab fez uma visita à Igreja do Santo Sepulcro mas realizou suas preces no exterior do templo evitando que futuras gerações de muçulmanos usassem a prática de orar como pretexto para converter o local em mesquita. Eutíquio acrescenta que al-Khattab também promulgou um decreto no qual proibia os muçulmanos de se reunirem em oração no local.[12]

Era das Cruzadas e aiúbidas

Ver artigo principal: Reino de Jerusalém

Em 1099, Jerusalém foi capturada pelo exército cristão ocidental da Primeira Cruzada e permaneceu sob posse dos cristãos até ser recapturada pelos muçulmanos liderados por Saladino em 2 de outubro de 1187. Saladino convocou os judeus e permitiu seu retorno à cidade. Em 1219, as muralhas da cidade foram destruídas pelo Sultão Almoazão. Em 1229, através de um tratado com o Egito, Jerusalém passou a ser governada por Frederico II da Alemanha, que iniciou a reconstrução das muralhas. Em 1243, Jerusalém voltou ao controle dos cristãos e as muralhas foram restauradas. Os turcos de Corásmia tomaram a cidade em 1244 e o sultão Almoazão destruiu as muralhas.

Era otomana

As atuais muralhas da Cidade Velha foram construídas entre 1535 e 1542 pelo sultão turco otomano Solimão, o Magnífico. As muralhas se estendiam por aproximadamente 4,5 km e a uma altura entre 5 e 15 metros, com uma espessura de 3 metros na base. Ao todo, as muralhas da Cidade Velha possuem 35 torres, das quais 15 estão concentradas na muralha norte mais exposta. A "Muralha de Solimão" possuía seis portões, dos quais um sétimo - o Portão Novo - foi erguido em 1887. Vários outros portões mais antigos foram murados ao longo dos séculos.

Bairros

A área é rodeada por uma muralha mandada construir em 1538 pelo sultão otomano Solimão, O Magnífico. Oito portas permitem o acesso à Cidade Antiga, dividida em quatro bairros: o Bairro Judeu, o Bairro Cristão, o Bairro Armênio e o Bairro Muçulmano.[13]

Bairro Judeu

Ver artigo principal: Bairro Judeu (Jerusalém)

O Bairro Judeu (em hebraico: הרובע היהודי, HaRova HaYehudi) - conhecido coloquialmente pelos moradores como HaRova - se situa no setor sudeste da cidade murada e se estende desde o Portão de Sião (no sul) até o Muro das Lamentações e o Monte do Templo (a leste), fazendo também fronteira com o Bairro Armênio (a oeste) ao longo do Cardo. O bairro tem uma história rica, com vários longos períodos de presença judaica cobrindo grande parte do tempo desde o século VIII a.C. Em 1948, sua população de cerca de 2000 judeus foi sitiada e forçada a se retirar em massa. O bairro foi completamente saqueado pelas forças árabes durante a Batalha de Jerusalém e as sinagogas antigas foram destruídas.

O bairro judeu permaneceu sob controle jordaniano até sua recaptura por paraquedistas israelenses na Guerra dos Seis Dias de 1967. Alguns dias depois, as autoridades israelenses ordenaram a demolição do bairro marroquino adjacente, realocando à força todos os seus habitantes, a fim de facilitar o transporte público de acesso ao Muro das Lamentações. Cerca de 195 propriedades - sinagogas, yeshivas e residências - foram registradas como judias e passaram ao controle da "Custódia da Propriedade Inimiga" da Jordânia. A maioria foi ocupada por refugiados palestinos expulsos pelas forças israelenses de Jerusalém Ocidental e suas aldeias contíguas até que a UNWRA e a Jordânia construíram o Campo de Refugiados de Shufat, onde muitos foram deslocados, deixando a maioria das propriedades vazias.

Em 1968, após a Guerra dos Seis Dias, Israel confiscou 12%, incluindo o bairro judeu e áreas contíguas, da Cidade Velha para uso público. Cerca de 80% dessa infraestrutura confiscada consistia em propriedades que não pertenciam a judeus. Após a reconstrução das partes do bairro destruídas antes de 1967, essas propriedades foram então oferecidas para venda exclusivamente ao público israelense e judeu.

Bairro Cristão

Ver artigo principal: Bairro Cristão

O bairro cristão ocupa a parte noroeste da Cidade Antiga e o seu monumento principal é a Basílica do Santo Sepulcro. Inclui a Porta Nova, partilhando a Porta de Jafa com o bairro armênio (que se encontra no sudoeste) e a Porta de Damasco com o bairro muçulmano. Nesta área passa também a Via Dolorosa, o caminho que se julga ter sido percorrido por Jesus com a cruz antes de ser crucificado no Calvário, um pequeno monte na zona nordeste da atual cidade fortificada.

Bairro Armênio

Ver artigo principal: Bairro Armênio

O bairro armênio situa-se a sudoeste sendo também cristão, mas é independente com seu Patriarcado próprio.

Bairro Muçulmano

Ver artigo principal: Bairro Muçulmano

O bairro muçulmano situa-se a nordeste e inclui a Porta de Herodes, a Porta dos Leões (ou Porta de Santo Estêvão) e a Porta Dourado. Nele se situa o Haram ash-Sherif (conhecido como "Monte do Templo" pelos judeus), um santuário no Monte Moriá, onde estão duas mesquitas: a Cúpula da Rocha (ou Mesquita de Omar) e Mesquita de Al-Aqsa.

Ver também

Referências

  1. Indicators na página da UNESCO sobre a Cidade Velha [1]
  2. Lista do Património Mundial da UNESCO [2]
  3. «Jerusalem The Old City: Urban Fabric and Geopolitical Implications» (PDF). International Peace and Cooperation Center. 2009 
  4. «Demography in Jerusalem's Old City». The Jerusalem Post. 13 de julho de 2013 
  5. «Torn between two worlds and an uncertain future». Columbia Journalism School. 9 de maio de 2011 
  6. «East Jerusalem: Key Humanitarian Concerns» (PDF). Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários. 21 de julho de 2013 
  7. Benveniśtî, Eyāl (2004). The international law of occupation. [S.l.]: Universidade Princeton. p. 112–113. ISBN 9780691121307 
  8. «Advisory Body Evaluation» (PDF). UNESCO 
  9. «Report of the 1st Extraordinary Session of the World Heritage Committee». UNESCO 
  10. «Justification for inscription on the List of World Heritage in Danger, 1982: Report of the 6th Session of the World Heritage Committee». UNESCO 
  11. «Decision 35 COM 7A.22». UNESCO. 2011 
  12. «The Holy Sepulchre – first destructions and reconstructions». Christusrex.org. 26 de dezembro de 2001 
  13. Menachem Klein (2014). «Arab Jew in Palestine». Israel Studies, Vol. 19, No. 3. p. 139 

Ligações externas

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Atos 8, 9 e 22
Início do ministério — (ca. 37-40 A.D.)
Gálatas 1 e Atos 9
Vai à Antioquia e Jerusalém — (ca. 43-45 A.D.)
Gálatas 1, Atos 11 e 12
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Atos 15
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1 ano e meio em Corinto — (ca. 52-53 A.D.)
Atos 18
Retorno à Antioquia — (ca. 54 A.D.)
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Atos 20
Na Macedônia — (ca. 57 A.D.)
Atos 20
Viagem até Corinto — (ca. 57 A.D.)
Atos 20
3 meses em Corinto — (ca. 57-58 A.D.)
Atos 20
Retorno até Jerusalém — (ca. 58 A.D.)
Atos 20 e 21
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Atos 23, 24, 25 e 26
Viagem até Roma — (ca. 60-61 A.D.)
Atos 27 e 28
2 anos preso em Roma — (ca. 61-63 A.D.)
Atos 28
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