Educação democrática

Uma escola democrática, mais precisamente uma escola de educação democrática, é uma escola que se baseia dentro de uma linha chamada Pedagogia Libertária[1] ou Gestão Democrática em princípios democráticos, e em especial na democracia participativa, e que dentro dessas regras dá direitos de participação iguais para estudantes, professores e funcionários.

Esses ambientes ou espaços de ensino colocam os jovens estudantes e as suas vozes como os atores centrais do processo educacional, em cada aspecto das operações da escola, incluindo aprendizagem, ensino e liderança. Os adultos, professores são pedagogos e facilitadores que participam do processo educacional auxiliando nas atividades de acordo com os interesses dos estudantes que as escolheram.

Assim, todos estão democraticamente comprometidos numa construção colectiva do espaço comum e na responsabilidade das relações com o outro. É uma perspectiva que fala da educação como uma função colectiva.[2]

Numa escola democrática dá-se aos estudantes a possibilidade de gerir o seu tempo. Em muitas escolas, não existe a obrigatoriedade de freqüentar sequer as aulas. Os estudantes, após compreenderem todo o sistema e se conhecerem melhor, são livres para decidir o que acham que devem fazer. Dessa forma aprendem a ter iniciativa. Eles também ganham a vantagem do aumento na velocidade e no aproveitamento do aprendizado, como acontece quando alguém está praticando uma atividade que é do seu interesse. Os estudantes dessas escolas são responsáveis por si e têm o poder de dirigir seus estudos desde muito novos.

A aprendizagem na Educação Democrática baseia-se no estímulo e no exercício do desejo de conhecer e ensinar.

Segundo Helena Singer, tem três princípios:

  • "O primeiro é a autogestão. As pessoas que participam de uma experiência de Educação Democrática são responsáveis por ela.
  • O segundo é o prazer do conhecimento. Acredita-se que o conhecimento traz alegria, prazer, e por isso as pessoas se envolvem com ele, não sendo necessárias punições ou disciplinas.
  • E o terceiro é que não há hierarquia no conhecimento. O conhecimento científico, o conhecimento académico, o conhecimento comunitário, o conhecimento tradicional, o conhecimento religioso, todos os conhecimentos são valorizados, respeitados e crescem justamente no seu conctato."[3]

A psicóloga Manuela Machado Duarte Rodrigues, ao fazer a comparação entre a escola de ensino tradicional e uma que siga um método democrático, entre uma sala de aula onde "se ensina” e uma sala de aula “orientada para que se aprenda”, diz:

  • "Na primeira, a responsabilidade do processo ensino/aprendizagem recai sobre uma só pessoa, e os métodos são habitualmente repetitivos e constantes: o professor expõe, e é exigido ao aluno que ouça com atenção."
  • "Numa sala cujo professor acredita no protagonismo dos alunos para a aquisição dos seus próprios conhecimentos, as actividades de aprendizagem realizam-se de várias maneiras de acordo com os saberes, imaginação, motivação e interesses de cada um dos alunos. A responsabilidade aqui é partilhada sendo que os alunos não estão pacifica e atentamente a ouvir mas activos no processo de apropriação dos saberes."[4]

História

A escola democrática mais antiga ainda em funcionamento é Summerhill na Inglaterra, que foi fundada em 1921 por A.S. Neill baseada nas suas ideias e como é uma escola particular, não recebe dinheiro público, não é obrigada a atender os padrões governamentais. Nos Estados Unidos da América, exemplos conhecidos de escolas bem-sucedidas são a Sudbury Valley School, Play Mountain Place, The Circle School e Albany Free School. Na Austrália, a Currambena Primary School que existe desde 1969 e a Escola da Ponte em Portugal.

Atualmente, só em redes como a IDEM[5] articulam cerca de 500 escolas que se identificam como escolas democráticas, em países como Austrália, Brasil, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Israel, Japão, Nova Zelândia, Rússia, África do Sul, Holanda, Inglaterra e Estados Unidos da América.

Desde 1993 ocorre, anualmente, o International Democratic Education Conference (IDEC), em um país diferente a cada ano.

Tendências nos Estados Unidos da América

No começo dos anos 70 ocorreu a criação de escolas democráticas financiadas pelo governo norte-americano. A criação da NOVA Project Alternative High School em Seattle em 1973 é o melhor exemplo. Com os crescentes rigores da moderna reforma educacional, nos anos 90 ocorreu uma volta às práticas de democracia escolar e aumento de seu uso em escolas públicas. Hoje, organizações incluindo The Big Picture Company, a Coalition of Essential Schools, e SoundOut incorporam os princípios de escolas democráticas nos esforços de reforma da educação pública.

O desenvolvimento de escolas livres, popularizadas na década de 70 por Jonathan Kozol, normalmente aplicam os princípios de governança democrática com educação humanística.

Ver também

Referências

  1. Escolas Democráticas Utopia ou Realidade, Rosanei Tosto, Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011
  2. Alexander Neill, por Fernanda Diniz, Izabel de Almeida e Silva, Julita Benevides e Livia Lage, Propostas e Apostas Pedagógicas em Educação Infantil, 3 de Junho de 2012
  3. Invenções democráticas, NUPSI, 2014
  4. Escola democrática / Escola tradicional, por Manuela Machado – Psicologia clínica e educacional, 16 de Outubro de 2013
  5. IDEN

Ligações externas

  • «A gestão democrática do conhecimento» 
  • Da construção de uma escola democrática: a experiência da Emef Amorim Lima, por Júlio Aquino Groppa e Rosely Sayão, EccoS Revista Científica, Uninnove, São Paulo, v. 6 n.º 2, pág. 15 a 37, 2004
  • Escolas Democráticas Utopia ou Realidade, Rosanei Tosto, Revista Pandora Brasil - Edição especial Nº 4 - "Cultura e materialidade escolar" - 2011
  • SINGER, Helena, República de Crianças: sobre experiências escolares de resistência. Campinas, Mercado de Letras, 2010.
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