Movimento uniformemente variado

Mecânica clássica
Diagramas de movimento orbital de um satélite ao redor da Terra, mostrando a velocidade e aceleração.
Cinemática
  • v
  • d
  • e

Movimento uniformemente variado é o movimento no qual a velocidade escalar varia uniformemente no decorrer do tempo. O movimento caracteriza-se por haver uma aceleração escalar constante e diferente de 0.

Função horária da velocidade

A equação da velocidade em função do tempo é:

v = v 0 + α t {\displaystyle v=v_{0}+\alpha t}

onde:

v {\displaystyle v} (ou v ( t ) {\displaystyle v(t)} )momento t {\displaystyle t} ;
v 0 {\displaystyle v_{0}} é a velocidade inicial. Caso o instante inicial seja t = 0 {\displaystyle t=0} , teremos v 0 = v ( 0 ) {\displaystyle v_{0}=v(0)} ;
α {\displaystyle \alpha } é a aceleração; e
t {\displaystyle t} é o tempo decorrido desde o início do movimento.

Como a aceleração escalar é a mesma em todos os instantes, ela coincide com a aceleração escalar média, qualquer que seja o intervalo de tempo considerado.

Então escrevemos:

α = Δ v Δ t α = v v 0 t 0 v = v 0 + α t {\displaystyle \alpha ={\frac {\Delta v}{\Delta t}}\Rightarrow \alpha ={\frac {v-v_{0}}{t-0}}\Rightarrow v=v_{0}+\alpha t}

Essa função estabelece como varia a velocidade escalar no percorrer do tempo no movimento uniformemente variado: v 0 {\displaystyle v_{0}} e α {\displaystyle \alpha } são constantes, e a cada valor de t {\displaystyle t} corresponde um único valor de v {\displaystyle v}

Na tabela a seguir vemos alguns exemplos, considerando a velocidade v {\displaystyle v} em metros por segundo (m/s) e a aceleração α {\displaystyle \alpha } em metros por segundo ao quadrado.

v = v 0 + α t {\displaystyle v=v_{0}+\alpha _{t}} v 0 {\displaystyle v_{0}} α {\displaystyle \alpha }
v = 5 + 2t v 0 {\displaystyle v_{0}} = +5 m/s α {\displaystyle \alpha } = +2 m/s²
v = -3 + 8t v 0 {\displaystyle v_{0}} = -3 m/s α {\displaystyle \alpha } = +8 m/s²
v = 2 + 3t v 0 {\displaystyle v_{0}} = 2 m/s α {\displaystyle \alpha } = +3 m/s²
v = 2 - 3t v 0 {\displaystyle v_{0}} = +2 m/s α {\displaystyle \alpha } = -3 m/s²
v = -4 - 9t v 0 {\displaystyle v_{0}} = -4 m/s α {\displaystyle \alpha } = -9 m/s²

Função horária do espaço

A equação que fornece a posição do móvel em qualquer instante t é:

s = s 0 + v 0 t + α 2 t 2 {\displaystyle s=s_{0}+v_{0}t+{\frac {\alpha }{2}}t^{2}}

A fórmula acima é obtida integrando-se a função horária da velocidade:

Δ s = v ( t ) d t = ( v 0 + α t ) d t s s 0 = v 0 t + α 2 t 2 s = s 0 + v 0 t + α 2 t 2 {\displaystyle \Delta s=\int v(t)dt=\int (v_{0}+\alpha t)dt\Rightarrow s-s_{0}=v_{0}t+{\frac {\alpha }{2}}t^{2}\Rightarrow s=s_{0}+v_{0}t+{\frac {\alpha }{2}}t^{2}}

onde s {\displaystyle s} é a posição (distância) atual do corpo (o s vem do latim spatio, mas também é utilizada o d, por indicar distância), s 0 {\displaystyle s_{0}} é a posição da qual ele começou o movimento, v 0 {\displaystyle v_{0}} é a velocidade inicial do corpo, a {\displaystyle a} é a aceleração e t {\displaystyle t} é o tempo decorrido desde o início do movimento.[1] Na função horária do MUV, o coeficiente de t 2 {\displaystyle t^{2}} é α 2 {\displaystyle {\frac {\alpha }{2}}} .

Assim , se a função for do tipo: s = 5 + 2 t + 4 t 2 {\displaystyle s=5+2t+4t^{2}} (s em metros e t em segundos) , observaremos que:

4 = α 2 α = 2 4 α = 8  m/s² {\displaystyle 4={\frac {\alpha }{2}}\Rightarrow \alpha =2\cdot 4\Rightarrow \alpha =8\,{\text{ m/s²}}}

Portanto , para se ter a aceleração escalar α {\displaystyle \alpha } basta multiplicarmos o coeficiente de t 2 {\displaystyle t^{2}} por 2.[1] Obtemos assim:

Movimento Uniformemente Variado
s = s 0 + v 0 t + α 2 t 2 {\displaystyle s=s_{0}+v_{0}t+{\frac {\alpha }{2}}t^{2}}      v = v 0 + α t {\displaystyle v=v_{0}+\alpha t}       α = c o n s t a n t e 0 {\displaystyle \alpha =constante\neq 0}

Essas funções têm o papel de definir o MUV em qualquer trajetória. No entanto apenas o conhecimento dessas, não permite nenhuma conclusão sobre a forma da trajetória.

Da função horária após identificarmos s 0 {\displaystyle s_{0}} , v 0 {\displaystyle v_{0}} e α {\displaystyle \alpha } , podemos chegar à função horária da velocidade escalar, como vemos no exemplo:

s = s 0 + v 0 t + α 2 t 2 ligando-se à função horária de v v v = v 0 + α t {\displaystyle s={\underset {\Bigg \downarrow }{s_{0}}}+{\underset {\Bigg \downarrow }{v_{0}t}}+{\underset {\Bigg \downarrow }{\frac {\alpha }{2}}}t^{2}{\xrightarrow[{\text{ligando-se à função horária de v}}]{v}}v=v_{0}+\alpha t}

s = 5 2 t   + 3 2 t 2 F s {\displaystyle \underbrace {s=5-2t\ +{\frac {3}{2}}t^{2}} _{Fs}} {\displaystyle \Rightarrow } T e m o s : s 0 = 5 m ;   v 0 = 2 m / s ;   α = 3 m / s 2 v = 2 + 3 t F v {\displaystyle Temos:s_{0}=5m;\ v_{0}=-2m/s;\ \alpha =3m/s^{2}\Rightarrow \underbrace {v=-2+3t} _{Fv}}

Perceba que da função horária dos espaços (Fs) chega-se à função horária da velocidade , representada por (Fv).[1]

Equação de Torricelli no MUV

No MUV há muitos casos em que podemos relacionar a velocidade escalar v em função do espaço s o que é feito com o emprego da equação de Torricelli que mostra-se a seguir:

v 2 = v 0 2 + 2 α t v 0 + α 2 t 2 v 2 = v 0 2 + 2 α ( v 0 t + α 2 t 2 ) {\displaystyle v^{2}=v_{0}^{2}+2\alpha tv_{0}+\alpha ^{2}t^{2}\quad \Rightarrow \quad v^{2}=v_{0}^{2}+2\alpha {\Bigg (}v_{0}t+{\frac {\alpha }{2}}t^{2}{\Bigg )}}

Comparando com a função horária ...

s s 0 = v 0 t + α 2 t 2 , t e m o s : v 2 = v 0 2 + 2 α ( s s 0 ) {\displaystyle s-s_{0}=v_{0}t+{\frac {\alpha }{2}}t^{2}\quad ,temos:v^{2}=v_{0}^{2}+2\alpha (s-s_{0})}

ou ainda:

v 2 = v 0 2 + 2 a Δ s {\displaystyle v^{2}=v_{0}^{2}+2a\Delta s\,} equação de Torricelli para o MUV

onde v {\displaystyle v} é a velocidade atual, v 0 {\displaystyle v_{0}} é a velocidade inicial, a {\displaystyle a} é a aceleração e Δ s {\displaystyle \Delta s} é a variação de posição durante o movimento.Sabendo-se que as variações são iguais a zero (...) Nessa fórmula, a velocidade escalar varia em função do espaço; v 0 {\displaystyle v_{0}} é a velocidade inicial, e α {\displaystyle \alpha } é a aceleração escalar do movimento, podendo ser positiva ou negativa de acordo com as convenções adotadas.[2]

Velocidade média

A velocidade média no MUV é dada pela média aritmética entre a velocidade final e inicial:

v ¯ = Δ S Δ t = v 0 + v f 2 = v 0 + a t 2 {\displaystyle {\overline {v}}={\frac {\Delta S}{\Delta t}}={\frac {v_{0}+v_{f}}{2}}=v_{0}+{\frac {at}{2}}\,}

Gráficos do MUV

Gráfico da velocidade em função do tempo

No movimento uniformemente variado podemos perceber três funções distintas:

  1. Aceleração em função do tempo - Como a aceleração nesse movimento é constante e diferente de zero, então apresenta-se uma função constante. Logo o gráfico apresenta-se como uma reta paralela ao eixo das abscissas.
  2. Velocidade em função do tempo - A função da velocidade em função do tempo é uma função de primeiro grau. Logo apresenta-se como uma linha reta que concorre com o eixo das abscissas.
  3. Deslocamento em função do tempo - O deslocamento em função do tempo é uma função de segundo grau. Logo ela se apresenta como uma parábola.

Referências

  1. a b c Francisco Ramalho Júnior; Nicolau Gilberto Ferraro e Paulo Antônio de Toledo (2007). Os Fundamentos da Física 1. Mecânica 9ª ed. São Paulo: Moderna. p. 65. 490 páginas. ISBN 978-85-16-050655-1 Verifique |isbn= (ajuda)  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda); |acessodata= requer |url= (ajuda)
  2. língua PT | Ramalho ; Nicolau e Toledo "Os Fundamentos da Física 1", 9ª Edição, Editora Moderna 2007, p. 71
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