Pêndulo de Foucault

 Nota: Se procura o livro de Umberto Eco, veja O Pêndulo de Foucault (livro).
Física geral
B = 0 {\displaystyle \nabla \cdot \mathbf {B} =0}

× E = B t {\displaystyle \nabla \times \mathbf {E} =-{\frac {\partial \mathbf {B} }{\partial t}}}

E = ρ {\displaystyle \nabla \cdot \mathbf {E} =\rho }

× B = E t + J {\displaystyle \nabla \times \mathbf {B} ={\frac {\partial \mathbf {E} }{\partial t}}+\mathbf {J} }
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Pêndulo de Foucault em Filadélfia (Franklin Institute).

Um pêndulo de Foucault (pronúncia em francês: ​[fuˈko]), assim chamado em referência ao físico francês Jean Bernard Léon Foucault, é uma experiência concebida para demonstrar a rotação da Terra em relação a seu próprio eixo. A primeira demonstração data de 1851, quando um pêndulo de 30 kg foi fixado ao teto do Panteão de Paris por um fio rígido de 67 metros de comprimento. A massa de 30 kg era constituída de uma esfera metálica parcialmente oca, cheia de areia fina, com um orifício, pelo qual durante o movimento a areia ia se escorrendo lentamente, a fim de marcar no chão a trajetória do pêndulo; o rastro deixado pela areia não se sobrepunha um ao outro, mas sim existia um espaçamento entre um e outro a cada período do pêndulo completado.[1] A originalidade do pêndulo reside no fato de ter liberdade de oscilação em qualquer direção, ou seja, o plano pendular não é fixo. A rotação do plano pendular é devida à rotação da Terra. A velocidade e a direção de rotação do plano pendular permitem igualmente determinar a latitude do local da experiência sem nenhuma observação astronômica exterior.[2][3]

Princípio

Pêndulo de Foucault (Paris, Panthéon)
Animação do Pêndulo de Foucault exibindo o sentido de rotação no hemisfério sul

O pendulo de Foucault, devido às suas concepção e dimensões, é capaz de revelar a rotação da Terra, sem que seja necessário ir ao espaço sideral para verificar, o que veio a ocorrer cerca de um século depois da primeira demonstração do pêndulo.

O plano de oscilação do pêndulo gira em torno do seu eixo devido à força de Coriolis, que é consequência do movimento de rotação da Terra. Muitos textos e áudios, explicam erroneamente que "a Terra gira em torno do pêndulo". Efetivamente a Terra gira embaixo do pêndulo, pois ele possui um sofisticado sistema de sustentação de baixíssimo atrito, mas o período de rotação do plano do pêndulo não é igual ao período de rotação da Terra, exceto nos polos.

O período de rotação do plano pendular é inversamente proporcional ao seno da latitude do local. O tempo T para uma rotação completa do plano de oscilação, considerando uma latitude θ, é dado por T(θ) = 24/sen θ, sendo T dado em horas. Os únicos lugares em que o tempo de rotação completa do plano de oscilação do pêndulo de Foucault é igual a 24 horas são os polos norte e sul, onde temos θ = 90 graus. O movimento angular do pêndulo de Foucault ocorre no sentido horário no hemisfério norte e no sentido anti-horário no hemisfério sul,[4] sendo que no equador não gira.

Por exemplo:

  • 1 dia sideral (24 horas) nos polos;
  • 1,4 dias a 45 o {\displaystyle 45^{o}} de latitude;
  • 2 dias a 30 o {\displaystyle 30^{o}} de latitude;
  • infinito (ou seja o plano pendular permanece constante) com 0 o {\displaystyle 0^{o}} de latitude, no equador.

Um pouco de matemática

Para simplificar, suporemos a amplitude das oscilações suficientemente pequena para admitir que a massa oscilante do pêndulo se desloca horizontalmente. Notemos Oxy este plano horizontal, com O posição da massa em repouso, Ox eixo horizontal dirigido para o leste (logo tangente ao paralelo), e Oy dirigido para o norte (logo tangente ao meridiano). O terceiro eixo Oz será vertical, dirigido para cima.lp

Caso do pêndulo simples

Sem se levar em conta a rotação da Terra, as equações do movimento são as do pêndulo simples, ou seja:

{ x = ω 2 x y = ω 2 y {\displaystyle \left\{{\begin{matrix}x''=-\omega ^{2}x\\y''=-\omega ^{2}y\end{matrix}}\right.}

onde ω é a oscilação própria do pêndulo simples, ou seja:

ω = g / l {\displaystyle \omega ={\sqrt {g/l}}}

onde g é a aceleração da gravidade e l o comprimento do pêndulo. A título de exemplo, se no instante t = 0 o pêndulo passa em O com uma velocidade V0 segundo o eixo Ox, então a solução deste sistema é:

{ x = V 0 ω sin ( ω t ) y = 0 {\displaystyle \left\{{\begin{matrix}x=&{V_{0} \over \omega }\sin(\omega t)\\y=&0\end{matrix}}\right.}

Caso do pêndulo de Foucault

Com a rotação da Terra, deve-se levar em conta a aceleração de Coriolis:

2 Ω ( v × k ) {\displaystyle 2\Omega ({\vec {v}}\times {\vec {k}})}

onde v {\displaystyle {\vec {v}}} é a velocidade do pêndulo, k {\displaystyle {\vec {k}}} é o vetor unitário no eixo de rotação terrestre e Ω a velocidade de rotação angular da Terra (ou seja, uma volta em um dia sideral). Essa velocidade de rotação Ω é muito menor que a oscilação própria ω do pêndulo.[5]

Se nos encontramos à latitude θ, então o vetor Ω k {\displaystyle \Omega {\vec {k}}} tem como componentes no referencial Oxyz:

( 0 Ω cos θ Ω sin θ ) {\displaystyle {\begin{pmatrix}0\\\Omega \cos {\theta }\\\Omega \sin {\theta }\end{pmatrix}}}

v {\displaystyle {\vec {v}}} tem como componentes:

( x y 0 ) {\displaystyle {\begin{pmatrix}x'\\y'\\0\end{pmatrix}}} ,

de modo que a aceleração de Coriolis terá os componentes:

( 2 y Ω sin θ 2 x Ω sin θ 2 x Ω cos θ ) {\displaystyle {\begin{pmatrix}2y'\Omega \sin {\theta }\\-2x'\Omega \sin {\theta }\\2x'\Omega \cos {\theta }\end{pmatrix}}} .

As equações de movimento no plano Oxy tornam-se:

{ x = ω 2 x + 2 y Ω sin θ y = ω 2 y 2 x Ω sin θ {\displaystyle \left\{{\begin{matrix}x''=-\omega ^{2}x+2y'\Omega \sin {\theta }\\y''=-\omega ^{2}y-2x'\Omega \sin {\theta }\end{matrix}}\right.}

Se se supõe ainda que no instante t = 0 o pêndulo passe em O com a velocidade V0 no eixo Ox, então pode-se verificar que as soluções x e y do sistema diferencial são tais que:

{ x = V 0 ω 0 sin ( ω 0 t ) cos ( Ω sin ( θ ) t ) y = V 0 ω 0 sin ( ω 0 t ) sin ( Ω sin ( θ ) t ) {\displaystyle \left\{{\begin{matrix}x=&{V_{0} \over \omega _{0}}\sin(\omega _{0}t)\cos(\Omega \sin(\theta )t)\\y=&-{V_{0} \over \omega _{0}}\sin(\omega _{0}t)\sin(\Omega \sin(\theta )t)\end{matrix}}\right.}

com

ω 0 = ω 2 + Ω 2 sin 2 ( θ ) {\displaystyle \omega _{0}={\sqrt {\omega ^{2}+\Omega ^{2}\sin ^{2}(\theta )}}}

Pode-se escrever que:

( x y ) = V 0 ω 0 sin ( ω 0 t ) ( cos ( Ω sin ( θ ) t ) sin ( Ω sin ( θ ) t ) ) {\displaystyle {\begin{pmatrix}x\\y\end{pmatrix}}={V_{0} \over \omega _{0}}\sin(\omega _{0}t){\begin{pmatrix}\cos(\Omega \sin(\theta )t)\\-\sin(\Omega \sin(\theta )t)\end{pmatrix}}}

Interpretação e comparação

A quantidade V 0 ω 0 sin ( ω 0 t ) {\displaystyle {V_{0} \over \omega _{0}}\sin(\omega _{0}t)} exprime o fato que o pêndulo de Foucault oscila com uma pulsação própria ω0 ligeiramente diferente daquela do pêndulo simples, mas como Ω é muito pequeno em comparação com ω, a diferença entre ω e ω0 é muito pequena.

Mais notável, a oscilação se dá segundo a direção:

( cos ( Ω sin ( θ ) t ) sin ( Ω sin ( θ ) t ) ) {\displaystyle {\begin{pmatrix}\cos(\Omega \sin(\theta )t)\\-\sin(\Omega \sin(\theta )t)\end{pmatrix}}}

que roda lentamente segundo a pulsação:

Ω sin ( θ ) {\displaystyle \Omega \sin(\theta )}

Ver também

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Referências

  1. SANTOS, Floriano Gomes dos (11 de fevereiro de 2013). «Pêndulo de Foucault». Instituto de Astronomia e Pesquisa Espaciais. Consultado em 5 de outubro de 2014 
  2. Somerville, W.B (1972). «The Description of Foucault's Pendulum» (PDF). Q. J. R. Astron. Soc. (em inglês). 13 (40) 
  3. Hart J.B.; Miller R. E.; R.L.Mills (1987). «A simple geometric model for visualizing the motion of a Foucault pendulum». American Journal of Physics (em inglês). 55: 67-70  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  4. SANTOS, Floriano Gomes Dos (11 de fevereiro de 2013). «Pêndulo de Foucault». Instituto de Astronomia e Pesquisa Espaciais. Consultado em 5 de outubro de 2014. Cópia arquivada em 9 de outubro de 2014 
  5. SANTOS, Floriano Gomes Dos (11 de Fevereiro de 2013). «Pêndulo de Foucauld». Instituto de Astronomia e Pesquisa Espacial. Consultado em 6 de Outubro de 2014. Cópia arquivada em 9 de outubro de 2014 

Ligações externas

  • «Demonstração animada do pêndulo de Foucault» 
  • «Como construir seu próprio pêndulo (francês)» 
  • Portal da física