Remineralização

Remineralização é a reconstituição dos minerais perdidos pelo organismo. Muito comum com os dentes, que passam por processos de desmineralização e remineralização constantes.

As estruturas de tecido duro, por exemplo, ossos e dentes, são formados, em grande parte, por minerais. Alguns dos mais importantes são cálcio e flúor. Algumas lesões patogênicas como a cárie pode afetar o tecido mineralizado dos dentes e fazer com que os mesmos percam estrutura mineralizada, a chamada desmineralização. Porém existem processos feitos pelo cirurgião-dentista que fornecem novamente minerais a esta estrutura, como é o caso das aplicações tópicas de flúor e a utilização do hidróxido de cálcio como agente capeador direto para tratamento de dentina e polpa, nos casos de exposição pulpar.

O dente, quando desidratado (após aplicação de álcool em sua superfície, por exemplo) tende a absorver líquidos do meio. Se aplicarmos flúor em um dente desidratado, iremos causar uma remineralização importante, devolvendo grande parte dos minerais perdidos durante a desmineralização. Isso só é possível em lesões cariosas iniciais, sem cavitação. Após a formação de cavidade, não há mais como remineralizar o tecido afetado.

Hidroxiapatita

A Hidroxiapatita C a 10 ( P O 4 ) 6 ( O H ) 2 {\displaystyle Ca_{10}(PO_{4})_{6}(OH)_{2}} é um mineral raramente encontrado na natureza, ele está presente na constituição de rochas ígneas e metamórficas (especificamente em calcários cristalinos). O esqueleto de alguns animais marinhos também é fonte do mineral C a 3 ( P O 4 ) 2 {\displaystyle Ca_{3}(PO_{4})_{2}} fosfato de cálcio (que está presente na composição da hidroxiapatita). Alguns autores acreditam que depósitos de apatitas podem também ser formados por precipitação direta da água do mar, e alguns dos depósitos de carbonatos de cálcio são convertidos em apatita pela reação direta com fosfato dissolvido.[1]

O processo de desmineralização

Os dentes são feitos de um material mole chamado dentina recoberto por uma rígida camada de esmalte dentário. O esmalte tem uma grande porcentagem de sua composição de hidroxiapatita C a 10 ( P O 4 ) 6 ( O H ) 2 {\displaystyle Ca_{10}(PO_{4})_{6}(OH)_{2}} um sal pouco solúvel. Quando ocorre a desmineralização há a formação da cárie dentária, ou seja, quando a hidroxiapatita se dissolve e ocorre a formação de cavidades nos dentes. Quando há a mistura de saliva, comida e alguns líquidos tem-se a formação da placa dental ou, como foi denominada recentemente, cálculo (um filme amarelo contendo bactérias), normalmente localizado entre os dentes e a gengiva.

Bactérias para se manterem vivas, assim como nós, metabolizam os açucares para obter energia. Contudo, ao metabolizaram os açucares por meio da glicólise não há apenas a obtenção de energia por parte delas, também há a formação do ácido lático C H 3 H 6 O 3 {\displaystyle CH_{3}H_{6}O_{3}} que obedece as reações de equilíbrio abaixo e, com isso, há o aumento da acidez ( aumento da concentração de H + {\displaystyle H^{+}} na boca).

  • S a c a r o s e H i d r o l i s e G l i c o s e + F r u t o s e {\displaystyle Sacarose{\xrightarrow {Hidrolise}}Glicose+Frutose} (Entrada de açucar na boca)
  • F r u t o s e g l i c o l i s e C H 3 H 5 O 2 O H {\displaystyle Frutose{\xrightarrow {glicolise}}CH_{3}H_{5}O_{2}OH} (Metabolismo da bactéria)
  • C H 3 H 5 O 2 O H ( a q ) C H 3 H 5 O 2 O ( a q ) + H 3 O ( a q ) + {\displaystyle CH_{3}H_{5}O_{2}OH_{(aq)}\longleftrightarrow CH_{3}H_{5}O_{2}O_{(aq)}^{-}+H_{3}O_{(aq)}^{+}} (Solubilização do ácido lático e aumento da acidez)

Por conta da adição de açucares na boca, o equilíbrio da terceira equação é deslocado para a formação de mais oxônio H 3 O + {\displaystyle H_{3}O^{+}} . Consequentemente, o equilíbrio químico que rege o esmalte dentário também será afetado (Princípio de Le Chatelier):

  • C a 10 ( P O 4 ) 6 ( O H ) 2 10 C a 2 + + 6 P O 4 3 + 2 O H {\displaystyle Ca_{10}(PO_{4})_{6}(OH)_{2}\longleftrightarrow 10Ca^{2+}+6PO_{4}^{3-}+2OH^{-}} (Equilíbrio da hidroxiapatita)

Ingestão de açúcar desloca o equilíbrio para a direita:

  • C H 3 H 5 O 2 O H ( a q ) C H 3 H 5 O 2 O ( a q ) + H 3 O ( a q ) + {\displaystyle CH_{3}H_{5}O_{2}OH_{(aq)}{\color {Red}\longrightarrow }CH_{3}H_{5}O_{2}O_{(aq)}^{-}+{\color {Aquamarine}\uparrow }H_{3}O_{(aq)}^{+}}

Por conta disso o O H {\displaystyle OH^{-}} será consumido e, consequentemente, a hidroxiapatita será dissolvida (pois há a reposição daquela base perdida):

  • C a 10 ( P O 4 ) 6 ( O H ) 2 10 C a 2 + + 6 P O 4 3 + 2 O H {\displaystyle Ca_{10}(PO_{4})_{6}(OH)_{2}{\color {Red}\longrightarrow }10Ca^{2+}+6PO_{4}^{3-}+{\color {Aquamarine}\downarrow }2OH^{-}}

Ver também

Referências

  1. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v.4.3 (2009) 29-38, Hidroxiapatita: Obtenção, caracterização e aplicações A. C. F. M. Costa; M. G. Lima; L. H. M. A. Lima; V. V. Cordeiro; K. M. S. Viana; C. V. Souza; H. L. Lira
  2. https://aps.bvs.br/aps/em-caso-de-exposicao-pulpar-apos-a-aplicacao-direta-do-hidroxido-de-calcio-p-a-pode-se-utilizar-o-hidroxido-de-calcio-fotoativado-seguido-de-sistema-adesivo/

Ligações externas

  • Artigo sobre técnicas de remineralização em pdf
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