Sismo de Constantinopla de 557

Coordenadas: 41° 0' 01" N 28° 0' 57" E

Sismo de Constantinopla de 557
Epicentro Constantinopla
41° 0' 01" N 28° 0' 57" E
Magnitude est.: 6.1[1] MW
Data 14 de dezembro de 557
Zonas mais atingidas Império Bizantino
epicentro está localizado em: Turquia
epicentro
Localização do epicentro no Mediterrâneo

O sismo de Constantinopla de 557 ocorreu na noite de 14 de dezembro. Este terremoto, descrito nas obras de Agátias, João Malalas e Teófanes, o Confessor, causou grandes danos à cidade, então capital do Império Bizantino em uma região frequentemente atingida por terremotos.[2] Outros terremotos menores precederam o grande evento, incluindo dois em abril e outubro, respectivamente. O principal terremoto de dezembro foi de ferocidade sem igual, e “quase arrasou completamente” a cidade. Causou danos à Igreja de Santa Sofia que contribuiu para o colapso de sua cúpula no ano seguinte, bem como danificou as muralhas de Constantinopla na medida em que os invasores hunos foram capazes de penetrá-la com facilidade na temporada seguinte.[3]

Características tectônicas

Constantinopla fica na costa norte do mar de Mármara, que é uma bacia separada relacionada a falhas ativas em uma série de segmentos da Falha Setentrional da Anatólia, o limite entre a Placa da Anatólia e a Placa Eurasiática. A zona de falha acomoda aproximadamente 24 milímetros por ano de deslocamento dextral (lateral direito) ao longo deste limite e tem sido responsável por muitos terremotos históricos destrutivos, como os de 1509 e 1766.[4]

Eventos anteriores

Os terremotos foram relativamente frequentes durante o reinado de Justiniano I (r. 527–565). Um terremoto em novembro de 533 levou uma multidão a buscar refúgio no Fórum de Constantino, mas não houve vítimas. Pequenos terremotos também foram relatados em 540–541, 545, 547, 551 e 554–555. Houve dois precursores do grande terremoto de 557. Em 16 de abril, o primeiro terremoto do ano abalou a cidade, mas sem causar danos. Em 19 de outubro, ocorreu o segundo, também sem danos.[3]

Evento

O terceiro e maior terremoto ocorreu em dezembro. De acordo com Agátias, Constantinopla foi "quase completamente arrasada". Ele o descreve como incomparável em magnitude e duração e observa que ocorreu durante as celebrações da Brumália (o Festival dos Nomes), pouco antes do solstício de inverno e da entrada do Sol no signo de Capricórnio. Também descreve como a cidade foi afetada por um inverno rigoroso antes do terremoto. Os tremores começaram por volta da meia-noite, quando a maioria dos moradores de Constantinopla estava dormindo. Os tremores acordaram os cidadãos e, à medida que os edifícios tremeram, "se ouviram gritos e lamentos". Os tremores sucessivos foram acompanhados por sons semelhantes a trovões vindos do solo. O ar supostamente "ficou turvo com as exalações vaporosas de uma névoa esfumaçada subindo de uma fonte desconhecida, e brilhando com um brilho opaco".[5]

Os moradores em pânico começaram a evacuar suas casas, reunindo-se em ruas e becos. Agátias observou que a cidade tinha poucos "espaços abertos totalmente livres de obstruções", o que significava que os moradores não estavam a salvo de detritos caindo mesmo ao ar livre. Uma chuva de aguaneve encharcou os que estavam do lado de fora e todos "sofreram muito com o frio". Muitos buscaram refúgio nas igrejas da cidade. Agátias observa que a desordem reinava. Um grande número de mulheres, tanto as de baixo nascimento quanto as nobres, estavam nas ruas. Homens e mulheres "se misturavam livremente", um evento incomum em si. Poucos prestaram atenção ao posto e ao privilégio na corrida para evitar lesões. Os escravos, por exemplo, não prestavam atenção às ordens de seus senhores. O distrito de Régio, próximo ao porto de Constantinopla, sofreu a maior perda de casas. Muitos outros edifícios foram demolidos ou sofreram danos estruturais. Agátias observa que "um grande número de pessoas comuns" pereceu, enquanto Anatólio foi a única vítima entre os da elite. Ao amanhecer, o terremoto havia cessado. As pessoas cheias de alegria começaram a procurar os mais próximos e queridos, "beijando e abraçando e chorando de alegria e surpresa".[5]

Rescaldo

A cúpula de Santa Sofia foi enfraquecida no terremoto e desmoronou completamente em maio de 558. As muralhas de Constantinopla foram severamente danificadas a ponto de, no início de 559, atacantes hunos conseguiram passar por áreas danificadas. Várias outras igrejas e edifícios foram danificados. Justiniano I iniciou um curto período de luto. Não usou sua coroa nos quarenta dias que se seguiram ao terremoto. O terremoto foi mais tarde comemorado por uma liturgia anual de súplicas. Agátias também afirmou que houve um efeito de curta duração na atitude da população: os ricos eram motivados à caridade, os céticos eram motivados a orar e os viciosos eram motivados à virtude, tudo em um aparente esforço de propiciação. Ele relata ainda que logo todos caíram em suas atitudes anteriores.[3]

Referências

  1. Guidoboni 2005, p. 1037.
  2. Martindale 1992, p. 72.
  3. a b c Maas 2005, p. 70-71.
  4. McHugh 2014.
  5. a b Frendo 1975, p. 137–139.

Bibliografia

  • Frendo, Joseph D. (1975). Agathias: The Histories. Berlim e Nova Iorque: Walter de Gruyter. ISBN 978-3-11-003357-1 
  • Guidoboni, E.; Comastri, A. (2005). «14/12/557». Catalogue of Earthquakes and Tsunamis in the Mediterranean Area from the 11th to the 15th Century. Roma-Bolonha: INGV-SGA  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • Maas, Michael (2005). The Cambridge Companion to the Age of Justinian. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-81746-3 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Petrus 55». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • McHugh, C. M. G.; Braudy, N.; Çağatay, M.N.; Sorlien, C.; Cormier, M.-H.; Seeber, L.; Henry, P. (2014). «Seafloor fault ruptures along the North Anatolia Fault in the Marmara Sea, Turkey: Link with the adjacent basin turbidite record». Marine Geology. 353: 65–83. doi:10.1016/j.margeo.2014.03.005  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • v
  • d
  • e
Históricos
  • 17 d.C. Lídia
  • 115 Antioquia
  • 141 Lícia
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  • 447 Constantinopla
  • 526 Antioquia
  • 557 Constantinopla
  • 847 Damasco
Contemporâneos
  • 1268 Cilícia
  • 1509 Istambul
  • 1653 Leste de Smyrna
  • 1668 Anatólia do Norte
  • 1688 Smyrna
  • 1766 Istambul
  • 1840 Ahora
  • 1855 Bursa
  • 1856 Heraclião
  • 1859 Erzurum
  • 1872 Antioch
  • 1881 Chios
  • 1883 Çeşme
  • 1894 Istambul
  • 1898 Balıkesir
  • 1903 Manzikert
  • 1912 Mürefte
  • 1914 Burdur
  • 1924 Pasinler
  • 1926 Cars
  • 1930 Salmas
  • 1935 Erdek–Ilhas de Mármara
  • 1935 Digor
  • 1938 Kırşehir
  • 1939 Erzincan
  • 1941 Vã–Erciş
  • 1942 Niksar–Erbaa
  • 1943 Adapazarı–Hendek
  • 1943 Tosya–Ladik
  • 1944 Bolu–Gerede
  • 1944 Golfo de Edremit–Ayvacik
  • 1946 Varto–Hınıs
  • 1949 Karlıova
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  • 1953 Yenice–Gönen
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  • 1957 Abant
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  • 1966 Varto
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  • 1983 Biga
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